A concordância verbal é um daqueles pontos que precisam ser conhecidos e entendidos pelos estudantes. Uma pessoa que fala “nós vai”, por exemplo, faz uso de uma variante linguística distante do padrão considerado correto, o que pode trazer vários prejuízos à vida acadêmica e profissional dela.
É preciso dominar assuntos que certamente cairão nas provas — e esse conteúdo valioso é um deles. Questões da prova de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, assim como a redação do Enem, avaliam o conhecimento que o candidato tem da norma culta da Língua.
Dessa forma, preparamos um post para você entender o que é concordância verbal, quais são as principais regrinhas gramaticais (com exemplos) e como se preparar para dominar esse tema e garantir pontuação nessas questões e na redação. Preparado?
O que é concordância verbal?
Assim como ocorre com o estudo da concordância nominal — em que as palavras em torno do substantivo concordam com ele —, é preciso que o estudante que está se preparando para Enem e vestibulares compreenda as regras de concordância verbal.
A regra de concordância prevê que o verbo concorda com o sujeito em número e pessoa, como nas orações:
- Ontem, eu vi um filme.
- Ontem, Mariana e Adê viram um filme.
Os sujeitos “eu” e “Mariana e Adê” são a referência de concordância do verbo “ver”, respectivamente em cada frase.
Porém, dependendo do tipo de sujeito, não é tão simples aplicar essa máxima.
Como identificar o núcleo do sujeito?
O sujeito, termo sobre o qual se faz uma declaração, é constituído por substantivo ou pronome (ou palavra substantivada). Seu núcleo, portanto, é a principal palavra no termo. Observe:
- Viviane estudou para a prova.
Para identificar o sujeito (e seu núcleo), faça a pergunta ao verbo: quem realizou a ação de estudar? Viviane, que, no caso, é um substantivo próprio.
- Minha irmã estudou para a prova.
E nessa frase? Quem estudou foi “minha irmã”. A palavra mais importante desse termo é “minha” ou “irmã”? Qual delas você acha que não poderia faltar para que a frase tivesse sentido?
Se optou pelo substantivo “irmã”, acertou! Essa é a palavra de destaque no sujeito, ou seja, o núcleo. O pronome adjetivo “minha” exerce a função de adjunto adnominal, palavra que acompanha o núcleo, ou seja, é secundária (adjetivo, artigo, pronome etc.).
Quais são as regras da concordância verbal?
Veremos, a seguir, os casos mais comuns de concordância verbal. Para facilitar seu entendimento, continuamos marcando em negrito o sujeito e sublinhando o verbo, ok? Fique atento!
Sujeito simples
- O alerta de chuva chegou com cinco horas de antecedência.
- Brasil tem 160 milhões de mortes por Covid-19.
- “No Recife, guia eleitoral traz anúncios e propostas para o eleitor” (R7).
- As principais reservas ecológicas do Brasil ficam no Sudeste.
Observe que, em todos esses exemplos, independentemente da extensão do sujeito ou do predicado, você precisa analisar a relação do verbo com o núcleo do sujeito!
Pronomes relativos
Esses pronomes exercem a função sintática do termo que substituem. Quando seu antecedente é sujeito da oração, a concordância do pronome relativo deve ser mantida. Veja:
- Sou eu que faço o almoço.
- As meninas que chegaram são minhas alunas.
Em ambos os casos, o pronome relativo “que” exerce a função de sujeito na oração subordinada.
Nome próprio
A concordância com alguns substantivos próprios no plural costuma gerar dúvidas, mas vai uma regrinha para te ajudar: se o nome próprio vier antecedido por artigo, o verbo vai para o plural; caso contrário, fica no singular. Observe a diferença:
- Os Estados Unidos ficam na América do Norte.
- Minas Gerais é o estado mais rico.
Com artigo “os”, o verbo concorda, no plural, com o sujeito. Porém, quando não há artigo, o verbo permanece no singular.
Uma observação: quando estiver se referindo ao título de uma obra no plural, o verbo pode ficar no singular. Trata-se de concordância ideológica, ou seja, feita com a ideia de livro, filme etc., mesmo se houver artigo:
- As aventuras de Pi é um clássico.
- Vidas secas, obra-prima de Graciliano Ramos, é meu livro preferido.
Sujeito composto
Há vários casos especiais de sujeito composto e vamos mostrar alguns na sequência.
Sujeito composto e da 3ª pessoa
Se estiver antes do verbo, este fica no plural:
- Irã e Índia devem assinar acordo.
Já para sujeito posposto ao verbo, este pode concordar com o núcleo mais próximo ou ficar no plural:
- Aqui reina a paz e a alegria.
Note que o verbo “reinar” concorda apenas com o primeiro núcleo do sujeito composto, que é “a paz”.
Sujeito composto de pessoas diferentes
Nesse caso, a 1ª pessoa tem predominância sobre a 2ª, e esta sobre a 3ª. O verbo segue essa ordem.
- Você e eu sabemos bem o que é dor.
- Você e ele sabem o que é dor.
Núcleos do sujeito unidos por ou e com
Se a ideia é de exclusão com a conjunção “ou”, o verbo concorda com o núcleo mais próximo:
- Biden ou Trump ganhará as eleições.
Caso todos os núcleos do sujeito composto possam exercer a ação, o verbo vai para o plural:
- Pizza ou lasagna me agradam.
Já no caso da preposição “com”, a flexão vai depender da importância que se dá aos núcleos. Se todos têm a mesma importância, o verbo vai para o plural:
- Maria com João ergueram o rancho.
Se um dos elementos precisar ser destacado, o verbo concorda com ele:
- O presidente, com seus assessores, chegou ao jantar.
Há muitos outros casos que fogem à regra principal de concordância verbal:
- sujeitos resumidos (aposto);
- infinitivos;
- sujeito oracional;
- sujeito com expressões partitivas.
Não cabe, aqui, entrar em pormenores nesses casos, mas você pode consultar a gramática ou o dicionário de concordância verbal sempre que precisar.
Como a concordância verbal pode ser cobrada na prova?
Mais comumente, a matéria é avaliada na prova de redação. Errar a concordância é considerado um grave problema de sintaxe, que interfere até na coesão textual.
A concordância verbal no Enem aparece em questões mais relacionadas à interpretação, mas algumas relacionadas ao uso de variações linguísticas menos prestigiadas ou regionais podem ter como pano de fundo a concordância verbal.
Já em relação à concordância verbal no vestibular, atualmente não há questões conteudistas, isto é, de classificação de sujeitos, mas apenas voltadas ao uso de acordo com o Português padrão.
Como se preparar?
Como se preparar para o Enem de maneira eficaz, você sabe? O conteúdo de Português no Enem é muito extenso, então não dá para ficar perdendo tempo com o que não cai na prova.
Porém, é preciso lembrar que grande parte dessas regrinhas que você viu aqui continuarão a ser usadas na sua rotina profissional, nos textos que for escrever em processos seletivos e muito mais. Então, será que é tempo perdido mesmo?
Não deixe de fazer simulados, como os do Trilha do Enem, e treinar semanalmente a produção de texto. Atente às regrinhas de concordância quando estiver revisando o que escreveu, certo?
Que tal aprofundar os estudos?
A concordância verbal é um conteúdo avaliado na primeira das 5 competências do Enem, avaliadas na prova de redação. Mas qualquer outro vestibular que cobrar uma produção textual ou tiver perguntas dissertativas vai considerar isso também. Portanto, reveja as regras e se aprofunde no tema!
Para ficar ainda mais bem preparado para o exame, saiba como funciona a prova de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias!