Se você vai fazer o Enem ou tem a intenção de prestar vestibular para entrar nas melhores faculdades do país, é essencial ter uma rotina de leitura. Não estamos falando apenas de livros pedagógicos, mas de notícias e artigos divulgados nos mais diversos meios de comunicação que trazem assuntos relevantes como o do racismo no Brasil.
Desenvolver tal hábito ajuda o candidato a escrever sobre qualquer tema. Esse, especialmente, está em evidência na mídia e levanta discussões de teor econômico, político e social. É um prato cheio para as bancas explorarem a matéria nas provas tanto na redação quanto na parte de atualidades no Enem, sem falar na de Humanas e Exatas.
Que tal saber mais sobre o racismo no Brasil? As informações a seguir ajudam você a inteirar sobre o assunto e ainda ver como ele é cobrado no Exame Nacional do Ensino Médio e nos principais vestibulares do país. Confira!
O conceito de racismo
Racismo é o preconceito ou a discriminação contra as pessoas por causa de sua raça, cor ou etnia. Não há nenhuma comprovação biológica da superioridade de brancos sobre negros, indígenas e sobre quem tem origem oriental, por exemplo. Da mesma forma, não há base científica alguma para dizer que estadunidenses são melhores que latinos ou piores que europeus.
De onde vem essa crença? Você já sabe: da construção da sociedade que, desde o princípio da humanidade, foi estruturada com base na dominação entre os povos. A escravização da população das terras conquistadas acontecia desde a Roma Antiga criando essa ideia da existência de uma hierarquia: senhor, o superior, e seu subordinado, inferior a ele.
O racismo no Brasil hoje é associado principalmente ao preconceito ou à discriminação contra os negros, muito em razão do intenso e lucrativo regime escravocrata instaurado em nosso país do século XVI até o final do século XIX. Foram trazidas mais de 4,9 milhões de pessoas do continente africano para cá na condição de escravas.
O trabalho não remunerado, as horas a fio no campo, as péssimas condições de higiene das senzalas e os castigos físicos são apenas algumas explorações praticadas. Os problemas desse sistema não acabaram com a assinatura da Lei Áurea em 13 de maio de 1888.
A importância de falar sobre o tema
É preciso falar de números para entender o que é racismo no Brasil e como ele está inserido em nossa sociedade: 54% da população brasileira é negra, mas esse percentual cai para 17% quando se fala dos mais ricos do país. Confira outros dados relevantes:
- entre os 10% da população mais pobre do Brasil, 76% é negra;
- enquanto a renda média do trabalhador branco é de R$ 2.814, a do trabalhador negro é de R$ 1.570;
- 74,5% das pessoas que morreram de forma violenta no Brasil em 2016 eram negras;
- dois em cada três desempregados no país são negros.
A princesa Isabel alforriou os escravos ao assinar a Lei Áurea, mas não foi dado suporte algum para amparar os recém-libertos na estruturação de suas vidas em sociedade. Percebe a diferença? Pois é, esse abismo social existe até hoje.
Os negros passaram a ocupar espaços que os brancos não queriam: estabeleceram moradia nas encostas dos morros, nas periferias, e começaram a trabalhar em funções mais simples, afinal, tinham pouco ou nenhuma instrução e era difícil investir em educação quando mal havia dinheiro para botar comida na mesa.
A escravidão no Brasil foi uma das últimas do mundo a ser abolida. Os africanos trazidos como escravos deixaram riquezas em nossa cultura desde pratos típicos como o aipim, o feijão e a farinha de mandioca, até a influência na criação de religiões afro-brasileiras, como a umbanda. O samba e a capoeira também fazem parte dessa herança cultural.
Questões envolvendo racismo no Enem
Racismo é um tema que vive nos noticiários, mesmo que de forma indireta: quando você vê uma notícia sobre a população carcerária no Brasil, por exemplo, majoritariamente negra. O assunto também ganha os noticiários com frequência por causa de abusos e operações policiais mal executadas que acarretam na morte dessas pessoas.
João Pedro Matos Pinto (14 anos), Kauê Ribeiro dos Santos (12 anos), Kauan Rosário (11 anos) e Ágatha Félix (8 anos) são algumas das vítimas. Inclusive, o sufocamento de um cidadão chamado George Floyd nos Estados Unidos por um policial americano no fim de maio de 2020 desencadeou uma onda de manifestações em todo o mundo.
Floyd faleceu pouco depois da abordagem, mas os gritos de “black lives matter” (vidas negras importam) ainda ecoam. Por isso não é surpresa o racismo ser cobrado em atualidades nos principais vestibulares do país, razão pela qual o assunto também deve estar no seu cronograma.
Aliás, aqui aproveitamos para dar uma dica: use e abuse do Trilha do Enem. Por lá, você assiste questões atuais serem debatidas por professores e ainda recebe um plano de estudos montado para o seu perfil.
A seguir, veja como o racismo pode cair nas provas.
Redação
“Caminhos para combater o racismo no Brasil” foi o tema da redação no Enem 2016. Essa repetição parece improvável por ser relativamente recente, mas os últimos eventos sobre os quais acabamos de falar fazem o debate ganhar novos pontos a serem explorados.
A leitura dos noticiários e de artigos específicos sobre o assunto preparam você para escrever sobre ele. Se mesmo com bom conhecimento você tiver dificuldade na escrita, um curso online de redação para o Enem pode te ajudar.
Ciências Humanas e Tecnologias
Lembra quando falamos do teor econômico, político e social do racismo no Brasil? Então, escravidão foi um dos temas mais cobrados no Enem em 2017, mas não se reduz apenas à História, caindo também em questões de geopolítica, por exemplo. Ou seja, pode estar presente em todo o caderno de Ciências Humanas e suas Tecnologias.
Ainda, foi abordado em perguntas sobre Literatura, como esta no ano de 2013. Como a cultura africana está em vários textos escritos em língua portuguesa, o assunto pode ser trabalhado inclusive em intertextualidade. Isso quer dizer que o assunto também pode surgir em questões de Linguagens, códigos e suas Tecnologias.
Matemática e suas tecnologias
E se aqueles percentuais mencionados anteriormente para mostrar a desigualdade social e de renda dos negros caíssem no Enem 2020? É a cara da banca criar esses links entre as matérias e lançar uma questão envolvendo cálculos falando de racismo no Brasil hoje na prova de Matemática e suas Tecnologias.
Dicas de conteúdo sobre o tema
O repúdio ao racismo e sua caracterização como crime imprescritível e sem direito de fiança estão na Constituição Federal de 1988. A Lei 7.716/89 fala especialmente disso. É possível saber mais sobre o assunto em vários meios além do texto jurídico.
Que tal estudar para História no Enem vendo os documentários “A História do Racismo” ou, “Menino 23 – Infâncias perdidas no Brasil”? Busque saber mais sobre o Movimento Negro, o Movimento das Mulheres Negras, o Coletivo Nega e o Geledés (Instituto da Mulher Negra) na internet.
Essas fontes de conhecimento são úteis, inclusive, para a proposta de intervenção na redação do Enem, ou seja, para você apresentar medidas úteis à diminuição do abismo social causado pelo racismo no Brasil. Quem sabe falar de cotas, por exemplo.
Leia Elisa Lucinda e Maria Firmina dos Reis para entender um pouco da luta da mulher negra em nosso país. Você também pode consumir conteúdo relevante ao tema nas redes sociais de Djamila Ribeiro, Emicida e Joice Berth. Ainda, consulte os materiais de Silvio Almeida para entender o que é o racismo estrutural.
O racismo no Brasil tem raiz histórica, mas pode ser abordado além da área de humanidades e suas tecnologias no Exame Nacional do Ensino Médio. Não falta conteúdo para você se informar, mas lembre-se de buscar um pouco mais de conhecimento sobre o assunto todos os dias para se preparar com antecedência.
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