Seja bem-vindo, excelentíssimo leitor. Estimamos que este artigo o encontre em boa saúde e que o(a) senhor(a)… Espera aí, está achando tudo muito estranho? E agora, acha que o tom do texto ficou mais tranquilo?
Pode ficar calmo, está tudo sob controle! O trechinho acima foi escrito apenas para que você consiga observar como a Língua Portuguesa é dinâmica. Em um mesmo parágrafo, apenas com algumas mudanças de palavras, podemos alterar todo o sentido do texto — algo que pode variar de acordo com quem estamos conversando.
O tipo de verbalização utilizado na última porção do trecho inicial é o que conhecemos como linguagem coloquial. Quer saber mais a respeito disso e entender como o assunto pode ser cobrado nos vestibulares? Então, continue a leitura!
O que é a linguagem coloquial?
Linguagem coloquial é o nome dado a uma variação linguística da Língua Portuguesa. Corresponde a um tipo de linguagem utilizada no “popular”. Ou seja, é a forma como a gente se comunica com nossos familiares e amigos e o jeito que escrevemos nos memes publicados em redes sociais.
Algumas características dessa linguagem são:
- presença de gírias;
- existência de neologismos (palavras inventadas);
- forte presença das marcas de oralidade (como “tá bom?” ou “né?”);
- uso de estrangeirismos (palavras originárias de outros idiomas);
- abreviações de palavras ou frases (“fds” para fim de semana, “sdds” para saudades etc.).
Qual é a diferença entre linguagem coloquial e formal?
A linguagem formal, por sua vez, é composta pelas seguintes características:
- uso das regras oficiais de ortografia e gramática;
- uso de um vocabulário mais rebuscado;
- inexistência de gírias, abreviações, marcas de oralidade e outros.
Qual é a linguagem adequada para redação do Enem?
Tenha isto em mente: a linguagem coloquial não deve ser utilizada em sua prova do Enem. A recomendação do edital (que também pode ser conferida no dia da prova, na página referente à redação) é de que o texto seja produzido de acordo com a norma culta da Língua Portuguesa.
Isso quer dizer que abreviações, gírias e termos do gênero não são bem-vistos pelos corretores. No entanto, isso não quer dizer que eles estejam terminantemente proibidos. O que vale é o bom senso.
Você pode usar uma frase que contenha uma gíria ou trecho coloquial, desde que ela esteja inserida em um contexto (em uma citação, por exemplo). Isso não trará prejuízos para a sua nota, já que os corretores compreendem a existência das variantes linguísticas. Ainda assim, a recomendação é que isso seja evitado.
Como estudar sobre a linguagem coloquial?
Agora, veja algumas dicas para estudar esse tipo de linguagem!
Converse bastante
Não sabe como melhorar a escrita? Leia muito, mas também converse! A partir do diálogo, é possível aprender a se comunicar melhor, inclusive no âmbito da redação. Conforme conversamos, adquirimos vocabulário e compreendemos as nuances da fala de várias pessoas.
Leia obras variadas
Outra boa dica para se aproximar desse tipo de linguagem é ler obras que façam uso dela! E se engana quem acha que elas são difíceis de encontrar. O coloquialismo é, por exemplo, uma das características de escolas literárias como o Naturalismo e o Pré-Modernismo.
Conheça alguns autores que caem no Enem e nos vestibulares e que faziam grande uso desse recurso em seus livros:
- Guimarães Rosa (Grande Sertão: Veredas);
- Lima Barreto (O Triste Fim de Policarpo Quaresma);
- Mário de Andrade (Macunaíma);
- Oswald de Andrade (Poesias Reunidas).
Assista a séries e filmes
Filmes e séries são outra forma bacana de conseguir mais bagagem a respeito da linguagem coloquial. Há muitas opções! Basta você optar por uma obra que retrate a vida como ela é e utilize a linguagem do povo, seja ele brasileiro ou de outra nacionalidade.
As novelas, por sinal, também são uma ótima maneira de ficar por dentro disso. E não se engane: elas também são uma boa forma de cultura e podem, até mesmo, ser citadas como referência cultural na redação do Enem!
Plugue os fones de ouvido
Por fim, não podemos deixar de falar sobre a música. Essa é uma expressão muito clara da linguagem coloquial! E, assim como nas outras obras, valem todos os estilos, incluindo o rap, o hip hop e o funk. Escute o que gosta e pegue as referências culturais, fugindo do preconceito linguístico!
A linguagem coloquial pode ser cobrada no Enem?
É claro que sim! A linguagem coloquial é parte de nosso idioma, sendo fundamental para a construção de relações sociais e para o desenvolvimento de novas palavras e costumes na língua.
Veja, a seguir, um exemplo de questão que já apareceu no Enem e entenda como o tema pode aparecer nas provas do caderno de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias!
(Enem) Murilo Mendes, em um de seus poemas, dialoga com a carta de Pero Vaz de Caminha:
“A terra é mui graciosa,
Tão fértil eu nunca vi.
A gente vai passear,
No chão espeta um caniço,
No dia seguinte nasce
Bengala de castão de oiro.
Tem goiabas, melancias,
Banana que nem chuchu.
Quanto aos bichos, tem-nos muito
De plumagens mui vistosas.
Tem macaco até demais
Diamantes tem à vontade
Esmeralda é para os trouxas.
Reforçai, Senhor, a arca,
Cruzados não faltarão,
Vossa perna encanareis,
Salvo o devido respeito.
Ficarei muito saudoso
Se for embora daqui”.
(MENDES, Murilo. Murilo Mendes – poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.)
Arcaísmos e termos coloquiais misturam-se nesse poema, criando um efeito de contraste, como ocorre em:
a) A terra é mui graciosa / Tem macaco até demais
b) Salvo o devido respeito / Reforçai, Senhor, a arca
c) A gente vai passear / Ficarei muito saudoso
d) De plumagens mui vistosas / Bengala de castão de oiro
e) No chão espeta um caniço / Diamantes tem à vontade
Resposta: letra a.
Agora é com você!
Como podemos ver, a linguagem coloquial é parte fundamental de nosso idioma, a Língua Portuguesa. Ela representa a fala do povo, as conversas que temos em família e pode, sim, ser empregada em obras literárias sem que ela perca a sua qualidade, sutileza e elegância.
Gostou de conhecer mais sobre essa vertente de nossa língua? Agora, confira o nosso material exclusivo com dicas para que você possa arrasar em sua redação para o Enem, mesmo que ela não permita o uso da linguagem coloquial em sua estrutura. Esperamos que goste!