Ambiguidade: saiba como evitar na redação para o Enem

estudante fazendo redação

Dizemos que uma palavra — ou uma expressão — é ambígua quando é possível atribuir a ela mais de um significado. Por exemplo, na frase “viu o acidente do carro”, o sujeito tanto pode ter assistido a um acidente ocorrido com o carro quanto estar dentro dele quando presenciou o ocorrido.

E é claro que não desejamos que isso aconteça na redação do Enem, não é? Imagine se o corretor não consegue interpretar o que você quis dizer devido a um arranjo equivocado de palavras na frase ou a um desvio no uso da vírgula?

A ambiguidade, portanto, deve ser evitada na produção de textos científicos e informativos, ou seja, quando a intenção é ser objetivo e passar a mensagem com clareza e coesão. Aliás, essa é uma das competências do Enem avaliadas na prova de redação.

Por isso, neste post, você vai saber o que é ambiguidade, quando ela é considerada vício de linguagem e o que fazer para evitá-la no seu texto. É só continuar a leitura!

O que é uma ambiguidade?

A ambiguidade — também chamada de anfibologia — consiste na possibilidade de dupla interpretação de uma frase, como mencionamos na introdução. Porém, nem sempre sua ocorrência é considerada um defeito do texto.

Pelo contrário, dependendo do gênero textual, é quase impossível que não haja duplo sentido. Textos literários, humorísticos e publicitários são os que mais fazem uso da ambiguidade enquanto recurso estilístico.

No anúncio de um desodorante aerossol, constava a seguinte frase:

  • Axe Compact. O aerossol que cabe no seu bolso.

A expressão “cabe no seu bolso” remete ao tamanho da embalagem, que é compacta, e ao valor do produto, mais barato que o convencional. A ambiguidade aqui é uma vantagem, pois permite ao leitor trafegar entre os dois sentidos da frase.

Por outro lado, em textos jornalísticos e informativos, a ambiguidade nem sempre é bem-vinda: pode ser um defeito do texto. Veja:

  • Destacamos, neste post, 6 equívocos cometidos por organizações que irritam qualquer usuário.

São as organizações que irritam os usuários ou os erros que elas cometem?

Propagandas, poemas e artigos de opinião são gêneros bem diferentes, concorda? Por isso, a ambiguidade pode ser vista como uma figura — e não como um vício de linguagem.

Vamos ver os tipos de ambiguidade?

Ambiguidade por homonímia

Esse é o caso mais conhecido de ambiguidade, quando temos uma mesma palavra que pode remeter a mais de um significado.

  • Cheguei à cidade e me dirigi ao banco.

A qual tipo de banco estou me referindo? Só o contexto poderia esclarecer:

  • Cheguei à cidade e me dirigi ao banco, pois precisava sacar dinheiro.
  • Cheguei à cidade e me dirigi ao banco. Estava cansado da caminhada.

Nesse caso, a ambiguidade da palavra “banco” se desfaz para que o leitor a interprete como estabelecimento bancário ou apoio para se sentar em uma praça, por exemplo.

Ambiguidade por polissemia

Esse tipo de ambiguidade ocorre quando a palavra tem um significado básico, mas remete a outros sentidos. Neste slogan das sandálias Havaianas, pode-se perceber isso:

  • Dá para viver na cidade com um pezinho na praia.

A expressão “pezinho na praia” pode ser interpretada literalmente, como o pé que calça o chinelo, ou no sentido figurado, que seria relacionado ao mundo do trabalho (cidade) junto ao ambiente de lazer (praia).

Como evitar esse vício de linguagem?

Esteja atento, na hora de escrever seu texto, ao sentido da palavra e ao local em que ela será inserida na frase. Geralmente, a ambiguidade só será percebida quando você estiver revisando o que escreveu.

Portanto, não pule essa etapa tão importante! Além disso, verifique as outras dicas que explicamos a seguir.

Use apenas palavras cujo significado você conheça

No Enem e nas provas de redação de vestibulares, é importante prestar atenção ao sentido das palavras que você vai utilizar. Por exemplo, em um texto sobre feminicídio (tema da redação do Enem de 2015), pode acontecer de o candidato desconhecer o significado dessa palavra e escrever o seguinte:

  • O estupro é o ato mais cometido de feminicídio, deixando marcas profundas na mulher.

Ora, se entendemos feminicídio como o assassinato e mulheres pelo fato de serem mulheres, ele causaria a morte, não é?

Se esse for o tema da redação, não tem como fugir. É obrigatório usar as palavras-chave. Para entender o significado de uma palavra, recorra ao contexto, que pode ser esclarecedor. Uma alternativa é buscar palavras semelhantes para tentar significar aquela.

No caso, a associação com feminino é clara. Também é possível se lembrar de suicídio e homicídio. Usando a lógica, feminicídio poderia indicar uma palavra relacionada ao assassinato de mulheres.

Veja como as outras palavras influenciam a frase

Independentemente do tema da redação, na hora de escrevê-la (e revisá-la) deve-se cuidar para que não fique nenhum trecho estranho, com palavras fora de contexto. Algumas vezes, a ordem dos termos na oração faz toda a diferença. Observe:

Tour pela prova do Enem
  • Macarrão levou Eliza Samudio para ser morta por amar Bruno, dia advogado do goleiro (UOL Notícias).
  • CRIANÇAS a partir de 3 anos fazem parte do buffet a quilo (placa em restaurante).

Nos dois exemplos, o arranjo das palavras leva a uma interpretação equivocada. No primeiro, “por amar Bruno” seria a causa de Eliza ser levada por Macarrão (e não de ser morta). No segundo, a ideia que se quis passar é que quem tem a partir de 3 anos também pagará o buffet a quilo (e não será servido nele).

Esteja atento às normas de regência e concordância

Erros ortográficos e gramaticais, por si só, já são péssimos e podem prejudicar sua nota no Enem e até a entrada no curso de seu interesse. Por isso, cuide da regência e da concordância para não errar no Português da redação.

Às vezes, o uso de um conectivo na redação é o que vai causar a ambiguidade e levar sua argumentação para um caminho indevido.

Treine bastante antes da prova

Como treinar a redação sem ter ideias? Sem conhecer nada sobre os temas? De onde tirar argumentos consistentes, fora do senso comum? Para começar, muita leitura, conhecimento de temas atuais (que você pode buscar na internet, em portais confiáveis de notícias), capacidade de associação de ideias (a famosa linkagem). Tudo isso é bastante produtivo para dar aquele gás nas suas produções textuais.

Sem saber sobre o que escrever, a redação não vai para a frente, não atrai a leitura (porque tem argumentação rasa) e, o pior, recebe nota ruim!

Para que isso não aconteça, você pode recorrer a cursos online para redação e, dessa forma, receber orientação mais específica em treinamento semanal, por exemplo.

Como esse conteúdo pode ser cobrado nas provas?

Além do uso adequado das palavras e da correta organização das frases na redação do Enem, a ambiguidade pode cair nas questões de Linguagens, códigos e suas Tecnologias, mais comumente na interpretação de texto.

Por isso, trouxemos exemplos para você saber como esse conteúdo pode ser cobrado.

Ambiguidade no Enem

No ano passado, o Governo promoveu uma campanha a fim de reduzir os índices de violência. Noticiando o fato, um jornal publicou a seguinte manchete:

CAMPANHA CONTRA A VIOLÊNCIA DO GOVERNO DO ESTADO ENTRA EM NOVA FASE

A manchete tem um duplo sentido, e isso dificulta o entendimento. Considerando o objetivo da notícia, esse problema poderia ter sido evitado com a seguinte redação:

a) Campanha do governo do Estado contra a violência entra em nova fase.

b) A violência do governo do Estado entra em nova fase de Campanha.

c) A violência da campanha do governo do Estado entra em nova fase.

d) Campanha contra o governo do Estado entra em nova fase de violência.

e) Campanha contra o governo do Estado e a violência entram em nova fase.

Resposta: Letra a.

Ambiguidade no vestibular

(UFG) A frase abaixo foi extraída de um anúncio que “vende” produto hidratante para a pele:

Hoje você é uma uva.

Mas, cuidado, uva passa.

a) Comente a superposição de funções gramaticais que recai sobre a palavra passa.

b) Explique os efeitos persuasivos provocados por essa superposição.

Resposta: a. “Passa” é ao mesmo tempo advérbio e adjetivo. Pode indicar o passar do tempo e o tipo de uva; b. a ideia é de que o tempo passa e a pele da leitora pode ficar enrugada e seca como uma uva passa. Dada a advertência, espera-se que ela adquira o produto.

Nem sempre é fácil identificar a ambiguidade no próprio texto à primeira vista, porque ela ocorre em camadas de sentidos. A dica é ler e reler o que escreveu para não deixar passar nenhum errinho! E, para não perder nenhum conteúdo, conte com o Trilha do Enem!

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