Taxa do ENEM: um guia completo

Entenda tudo sobre a taxa do ENEM e sua real importância

4.3 milhões. Esse foi o número de inscritos para o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) de 2024. Essa quantidade de gente consegue encher quase 55 Maracanãs. Contudo, se tem que pagar para ver o jogo, para fazer a prova também.

A Taxa do ENEM é a última etapa do estudante antes de confirmar a inscrição. Entretanto, há quem não entenda a importância dela.

Nesse artigo, vamos falar sobre a taxa do ENEM, desde os fatores que moldam o valor monetário até seu impacto no acesso ao Ensino Superior. Confira!

O que é a taxa de pagamento do Enem e por quê ela é importante?

Façamos algumas contas. Um caderno do ENEM tem mais ou menos 30 páginas. Eles possuem não somente textos, como também imagens. Em 2023, em 25 anos de Exame, as páginas tiveram cores. Considerando que dos 4,3 milhões inscritos, todos fossem fazer a prova, quanto custaria para imprimir todos os cadernos?

A resposta da pergunta anterior é um dos motivos da existência da taxa do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio). Para além da impressão dos materiais, ela serve para cobrir os custos da organização, contratação dos fiscais e:

• Garantir o transporte e segurança das áreas de aplicação.
• Alugar e manter os locais de prova.
• Sustentar financeiramente o exame.
• Melhorar a qualidade do exame.
• Assegurar o comprometimento do aluno.

Após cadastrar os dados e preencher o questionário socioeconômico na Página do Participante, no site do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), os estudantes têm que efetuar o pagamento e esperar a confirmação. Tudo confirmado? Então, é se concentrar nos estudos, para conquistar a vaga no Ensino Superior.

Vale dizer que o primeiro ENEM foi em 1998 e a taxa de inscrição era R$ 20. Nesta última edição, a taxa foi de R$ 85. Já naquela época, 83% dos 115.575 participantes optaram pela isenção. 26 anos depois, há quem opte pela mesma saída.

Porém, como funciona a isenção da taxa do ENEM? Veja a seguir!

Como funciona a isenção da taxa de pagamento do Enem?

Para alguns alunos, R$ 85 pode ser muito valioso. A isenção no pagamento se torna uma oportunidade para não deixar de fazer o exame.

Contudo, é preciso ter em mente os critérios para fazer o ENEM de graça. Na última edição do exame, o INEP havia colocado 3 critérios no edital de isenção. Caso o estudante se encaixasse em qualquer um deles, tudo certo. Os critérios foram:

• Estar matriculado no terceiro ano do Ensino Médio em escola pública, em 2024.
• Ter feito todo o Ensino Médio em escola pública ou ter sido bolsista integral em escola particular.
• Ter registro no CadÚnico (Cadastro Único para programas sociais do Governo Federal).

Importante pensar que a política de isenção contribui para ampliar o acesso para estudantes com vulnerabilidade econômica e diminuir as desigualdades sociais – incentivando a mudança de vida por meio da educação superior. Do ponto de vista das cotas raciais e sociais, a isenção do ENEM estabelece uma relação complementar com os objetivos antes listados.

O INEP divulga o período do pedido de isenção. Se o pedido for aceito, o estudante recebe a confirmação. Se não for, ele pode entrar com o recurso. E se o estudante perde o prazo do pedido? Precisa pagar para fazer a prova. O processo é bem simples, como você verá no próximo tópico.

O processo de inscrição no Enem e o pagamento da taxa

Nesta última edição, a inscrição simulava um chat com a Nanda, a assistente virtual. Os passos foram os seguintes.

Passo 1: Acessar Página do Participante

Após digitar “Página do Participante” no Google, a página de inscrição do ENEM aparece. O estudante clica no botão de Inscrição. Um desafio rápido aparece. Depois de resolvido, vem o passo 2.

Passo 2: Informar CPF e Data de nascimento

Informado o CPF e a data de nascimento, a Nanda faz a verificação. Se não há problemas, aparece o passo 3.

Passo 3: Inserir dados pessoas

A Nanda pede os dados: sexo, cor/raça, estado civil, nacionalidade. Basta informá-los e ir ao passo 4.

Passo 4: Dizer se precisa de acessibilidade

Aqui, o estudante informa se precisa de acessibilidade para o exame. Se sim, a Nanda envia uma lista de opções para escolher. Caso não precise de acessibilidade, é só seguir para o próximo passo.

Passo 5: Informar nome social

Nesse passo, caso o estudante tenha nome social, se identifique como travesti, transexual ou transgênero e tenha o cadastro do nome da Receita Federal, então pode inseri-lo. Se não há nome social, então é só avançar para o passo seguinte.

Passo 6: Escolher entre Inglês e Espanhol

Aqui, o estudante escolhe qual opção de língua estrangeira: inglês ou espanhol. Depois, passo 7.

Passo 7: Escolher situação do Ensino Médio

A Nanda, nesse passo, pergunta qual a situação do Ensino Médio do estudante. As opções são:

• Já concluí
• Estou cursando o último ano/série
• Estou cursando o Ensino Médio, mas não o último ano/série
• Não estou cursando e não concluí o Ensino Médio

Escolhida a opção, próximo passo. 

Passo 8: Selecionar local de prova

Nesse passo, o estudante seleciona o município e o estado em que quer fazer a prova. Depois, continua no passo 9. 

Passo 9: Responder questionário socioeconômico

Nesse estágio da inscrição, falta pouco para finalizar o processo. Basta responder algumas perguntas sobre as informações socioeconômicas. Concluído? Passo 10.

Passo 10: Enviar inscrição

Por fim, a Nanda trazia um resumo dos dados que o estudante preencheu. Tudo certo? Só clicar em Enviar Inscrição.

Depois de enviar a inscrição, você pode acompanhar todo o andamento do seu processo dentro da Página do Participante ao clicar no menu esquerdo, em Pagamentos/Isenção. Então, basta baixar o boleto e pagar em qualquer caixa lotérica, por Pix ou com cartão de crédito ou de débito. 

Pagamento efetuado? Ótimo! Agora, é se preparar para arrasar na prova. 

Entretanto, atenção: todas as informações estarão na Página do Participante. Ou seja, após você fazer o ENEM e suas notas serem divulgadas, é por lá que você vai conferir os seus resultados.

Por fim, como curiosidade, em 2023 foi encerrada o ENEM Digital, uma versão em que só os alunos prestes a se formar no Ensino Médio (ou já formados) poderiam acessar. 

Com um computador, o aluno fazia a prova aos moldes da versão impressa. O aparente benefício que essa versão se propunha a trazer, na verdade, encontrou um custo muito mais elevado e baixo engajamento dos estudantes. Por isso, seu encerramento. 

E por falar em encerramento, hora de entender o que acontece depois que a inscrição é realizada.

Qual a relação entre a taxa do Enem e o acesso ao ensino superior?

Já mencionamos que a taxa do ENEM pode ser uma barreira para muitos estudantes. Por isso, uma solução pertinente é a isenção. Contudo, há outros desafios como o próprio ENEM ser a porta de entrada para muitas universidades federais do Brasil. 

O modo mais tradicional é enfrentar o  SISU (Sistema de Seleção Unificada), em que todos os alunos do Brasil (que fizeram o exame) usam das notas para concorrer às vagas. Há também o PROUNI (Programa Universidade para Todos), que oferece bolsas para universidades particulares. Por fim, há o FIES (Fundo de Financiamento Estudantil), em que o governo ajuda a pagar o curso superior.

Logo, se o estudante não paga a taxa ou perde a isenção, ele corre o risco de adiar a entrada na universidade. Há políticas para ampliar a isenção ou diminuir a taxa de inscrição, que estão em estudo. Há outras que impactam diretamente o ENEM e o valor do exame. Veja a seguir. 

Impacto das políticas educacionais no Enem e na taxa de pagamento

Quando se fala de ENEM, é preciso conhecer um pouco de políticas educacionais. Elas têm um impacto direto na elaboração da prova, no valor e em como ela chegará até o candidato.

Algumas políticas educacionais merecem destaque, como a reforma do ensino médio, a BNCC e avaliação do ensino médio.

Começamos com a reforma do ensino médio. Em 2017, o novo ensino médio foi aprovado e em 2022 começou a ser aplicado. Contudo, sofreu mudanças e em 2025 haverá uma nova implementação a nível nacional. A reforma do ensino médio, ao promover uma maior flexibilização curricular, coloca um desafio para o ENEM: como garantir que todos os estudantes tenham as mesmas oportunidades de demonstrar seus conhecimentos?

Para isso, as escolas precisam se adequar ao que é exigido a elas pela BNCC (Base Nacional Comum Curricular). Esta, por sua vez, além de definir as competências essenciais para a formação integral do estudante, orienta a elaboração de um exame que vai além da mera reprodução de conteúdos.

Pensando nos estudantes do terceiro ano, essas mudanças podem impactar uma boa nota na prova. Há quem peça uma reformulação da prova e o MEC avalia possíveis mudanças. Entretanto, ainda não há previsão para uma nova versão.

Somado ao que se disse, há o fato de que o ENEM é um dos principais fatores de avaliação do ensino médio no Brasil. O MEC utiliza os dados coletados para propor melhorias no ensino em todo o país.

Consequentemente, há custos associados a essas mudanças. Em 2024, o valor da taxa ficou em R$ 85. Em 2025, frente às mudanças que estão por vir no ensino médio, resta a incerteza se o valor continuará o mesmo.

O que você pode fazer, então?

Ficar por dentro dessas políticas, para entender como elas estão sendo direcionadas. No final de tudo, o estudante precisa ter as condições necessárias para ter um ensino médio de qualidade, com a oportunidade de cursar uma boa universidade. 

Mas para além das políticas educacionais, vale muito a pena refletir sobre outros desafios relacionados especificamente à taxa do ENEM. Confira!

Principais desafios e críticas à taxa de pagamento do Enem

Se você não sabia, a taxa do ENEM nem sempre foi acima de R$ 80. Por 14 anos, de 2000 até 2014, a taxa era de R$ 35. Nas versões posteriores, até a última edição de 2024, o valor começou a aumentar. 

Para muitos estudantes, R$ 85 – que foi a última taxa de pagamento – é um valor alto. Por isso, o MEC disponibiliza um prazo para o pedido de isenção.

Por outro lado, o ensino no Brasil possui uma desigualdade educacional. Por exemplo, alunos de escola particular podem ter acesso a conteúdos que os de escola pública não têm. Além disso, o ensino público sofre com dificuldades em infraestrutura, evasão escolar, nível de aprendizado e outros problemas. Isso tudo complica o desempenho acadêmico do estudante.

Tais problemas levantam a questão de que o exame poderia ser mais acessível, para contemplar a realidade da maioria dos estudantes. Alguns pontos dizem respeito à linguagem da prova, formatos das perguntas, duração e formato da prova e ampliação da isenção para os estudantes.

Para muitos, nesse cenário, o papel das cotas sociais e raciais sempre é lembrado. É uma forma de ajudar o estudante a ficar mais perto da sua vaga na universidade. Contudo, para que ele chegue até elas, é preciso enfrentar um longo caminho. Infelizmente, nem todos estão dispostos.

Por isso que ideias como a de Anísio Teixeira, educador brasileiro, sempre retornam: “A educação é o melhor instrumento de igualdade social”.

Veja também: aprenda a controlar o nervosismo durante o Enem!

Considerações finais sobre a taxa do Enem

Nesse artigo, você viu em detalhes o que é a taxa do ENEM e sua importância para cobrir os custos administrativos, garantir a sustentabilidade financeira, garantir a participação do aluno, entre outros. 

Ter uma boa nota no ENEM é um fator de quase aprovação na universidade. Mas ter uma boa preparação, com auxílio de políticas educacionais que auxiliem no resultado esperado pelo estudante é tão importante quanto.

Por isso, além de aprender sobre os conteúdos na prova, fique por dentro das políticas que estão envolvidas na produção do ENEM. Bons estudos!