Ir bem na redação e trilhar um caminho de sucesso no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é um grande desafio para muitos alunos. Além disso, a cada ano essa parte da avaliação ganha mais importância e faz a diferença para o ingresso em muitos cursos universitários. Para ter uma ideia, a nota máxima da redação no Enem corresponde a 1.000 pontos, o que equivale a 20% da nota total do exame.
Sua correção é baseada na avaliação de cinco competências, segundo o Ministério da Educação (MEC). São elas:
- domínio pleno da escrita formal da língua portuguesa;
- compreensão total do tema proposto;
- capacidade de defender um ponto de vista, por meio da seleção, relação, organização e interpretação de informações, fatos, opiniões e argumentos;
- domínio dos mecanismos linguísticos fundamentais à argumentação;
- respeito aos Direitos Humanos.
A quinta competência diz respeito à chamada “proposta de intervenção”, que apresenta uma solução para o problema abordado.
Para que fique claro o significado deste item da redação do Enem, criamos este artigo explicando o que é e como desenvolver uma proposta de intervenção que atenda completamente aos quesitos avaliados no exame. Fique conosco e saiba como fazer uma redação de arrasar!
O que é proposta de intervenção?
A proposta de intervenção é uma competência característica da redação do Enem, na qual o candidato deverá propor ações inovadoras que caminhem para a solução do problema proposto no exame, como uma contribuição para melhoria da sociedade.
Trata-se de ações que o estudante vai propor a fim de auxiliar na diminuição ou erradicação do problema discutido em seu texto e deve ser embasada pelos argumentos construídos até então. Portanto, a proposta de intervenção é um dos itens que encaminha o candidato a concluir a redação.
Podemos chamar a proposta de intervenção de “passagem injuntiva”, ou seja, uma parte do texto que é a representação de uma decisão a ser tomada como fruto da análise dos problemas abordados.
Vale lembrar que, por estar diretamente atrelada à competência nº 5 ― Respeito aos Direitos Humanos ―, qualquer proposta de intervenção que fuja a esse quesito, ou seja apresentada de forma mediana, será penalizada.
Como deve ser uma proposta de intervenção?
A proposta de intervenção na redação do Enem precisa ser construída com bastante cuidado, baseando-se em uma argumentação consistente, e que seja fruto do ponto de vista previamente defendido. Ainda, deve ser feita de forma inclusiva e respeitando a pluralidade cultural existente em nosso país, com o intuito de melhorar a qualidade de vida das pessoas, sem exceção.
Para evitar confusão na sua cabeça, ressaltamos que nem todo texto dissertativo-argumentativo ― forma exigida pelo Enem e por quase todos os vestibulares ― precisa necessariamente conter uma proposta de intervenção. Como dissemos, essa é uma competência avaliada por esse exame, de acordo com as propostas do MEC que fundamentam a construção da prova.
Como ela é avaliada?
Para que você tenha uma ideia de como a proposta de intervenção é avaliada, separamos a seguir os critérios do MEC e as pontuações correspondentes. Confira:
- 200 pontos: a proposta foi muito bem elaborada e relaciona-se plenamente com a ideia do texto;
- 160 pontos: a proposta foi bem elaborada e relaciona-se com o que foi discutido na ideia do texto;
- 120 pontos: a proposta foi elaborada de forma mediana, embora esteja relacionada com o que foi discutido na ideia do texto;
- 80 pontos: a proposta foi elaborada de forma insuficiente ou não está articulada com o que foi discutido no texto;
- 40 pontos: apresenta uma proposta de intervenção vaga ou precária;
- 0 ponto: não apresenta proposta de intervenção ou a ideia foge completamente do assunto.
Como desenvolver uma boa proposta de intervenção na redação?
Para que sua proposta de intervenção valha 200 pontos, ela precisa ser exequível, ou seja, não pode ser utópica, vaga ou ficar no campo das ideias. Por isso, precisa ser detalhada e ter ações concretas e consistentes.
Assim como no restante da redação, antes de sair escrevendo, você precisa planejar a estrutura da sua proposta de intervenção. Para que ela ganhe sustentação, é preciso lembrar que quatro pilares devem ser a base de sua ideia, os quais são esperados pela banca julgadora:
- Agente: quem realiza a proposta;
- Ação: do que se trata a proposta
- Modo ou meio: de maneira ou por qual meio será realizada;
- Finalidade: qual é o objetivo ou o resultado esperado com a proposta.
Feito isso, comece a delinear seu plano de ação de forma coerente com os argumentos e o ponto de vista previamente construídos.
A seguir, vamos detalhar o que estamos dizendo em algumas dicas infalíveis para uma proposta de intervenção bem elaborada.
Explique o que precisa ser feito
Saber o que fazer é o início de toda proposta de intervenção. Aqui começa o campo da ação, seja uma campanha, seja uma política, seja uma lei. Lembre-se de que precisa ser algo concreto e que possibilite alcançar uma mudança significativa e benéfica à sociedade, combinado?
Direcione quem vai fazer
Aqui você determina quem são os grupos responsáveis por protagonizar a proposta, tais como governos, ONGs, escola, veículos de mídia, entidades, parcerias público-privadas (PPP) etc.
Uma boa ideia é distribuir a responsabilidade pela ação entre o poder público e a sociedade em geral. O motivo para isso é demonstrar consciência de que o governo não é o único responsável por resolver cada situação e aponta que a sociedade também tem um papel diante do problema abordado.
Ainda, uma dica: ao citar o governo, demonstre que você compreende as divisões de poder (Executivo, Judiciário e Legislativo).
Proponha como será feito
Aqui, você especificará quais são os meios para que sua proposta de intervenção seja posta em prática. Nesta etapa, é preciso detalhar os instrumentos, as atividades, os participantes e o papel de cada agente na realização da ideia. Por exemplo: campanhas, debates, confecção de materiais, ações via redes sociais, reuniões com famílias, mobilização de parlamentares etc.
Aponte quais os resultados esperados
Toda proposta de intervenção deseja modificar um cenário. Portanto, você deve apontar quais são os resultados desejados em curto, médio e longo prazos. Apresentar essa noção de metas a serem atingidas dá a sensação à banca julgadora de que suas ações estão sendo devidamente calculadas, o que fornece ainda mais peso à sua proposta.
Concentre-se em soluções viáveis
Tenha bom senso antes de propor inúmeras soluções, inclusive porque elas devem ser viáveis. Além disso, você tem um espaço limitado para a escrita e, se ampliar muito o campo das ideias, pode se perder.
Para os avaliadores, não importa a quantidade de ações estabelecidas, e sim que sua proposta tenha consistência e reflita o que foi problematizado durante sua argumentação. Se você deixar qualquer informação vaga, certamente sua redação será penalizada.
Respeite os Direitos Humanos
Embora pareça uma redundância, tome muito cuidado para não desconsiderar a diversidade sociocultural do nosso país. Sua proposta de intervenção deve refletir a realidade social brasileira e necessariamente precisa ser formadora e educativa.
Sendo assim, não cometa o erro na redação de propor ações violentas, ofensivas ou que privem a liberdade do ser humano em situação de vulnerabilidade ― como é o caso de usuários de drogas. Olhe para todas as pessoas com empatia e solidariedade.
A proposta de intervenção talvez seja uma das etapas mais prazerosas da redação do Enem. Isso porque é nesse momento que você tem a oportunidade de confirmar suas ideias e pontos de vista e fechar o texto da melhor forma possível. Para treinar bastante essa parte do exame, recomendamos também o Trilha do Enem. Por lá, você vai conferir outras dicas incríveis para escrever uma redação nota 1.000.
Aliás, você deve saber que o pensamento crítico, essencial para realizar uma boa proposta de intervenção, é resultado da busca contínua por conhecimento sobre as questões do mundo. Então, não vá embora sem ler este interessante artigo sobre a importância da leitura para a formação no ensino superior!